tag:blogger.com,1999:blog-36381342765993388692024-03-13T20:52:57.061-07:00O Fio da NavalhaSob o fio da navalha é o lugar onde estamos, do princípio ao fim; ... a vida na corda bamba: 'Life on the Line' cantaram os Hotrods.
Do humor mais ou menos mordaz, passando pela raiva poética do Jorge de Sena, o fio da navalha é o lugar onde realmente estamos... bem perto da 'Twilight Zone', onde haja poesia e rock'n'roll.Unknownnoreply@blogger.comBlogger15125tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-14229341823358713072014-12-21T15:46:00.000-08:002014-12-21T15:48:55.694-08:00A Portugal
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 12pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Esta é a ditosa pátria minha amada.
Não.<br />
Nem é ditosa, porque o não merece.<br />
Nem minha amada, porque é só madrasta.<br />
Nem pátria minha, porque eu não mereço<br />
A pouca sorte de nascido nela.<br />
<br />
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta<br />
quanto esse arroto de passadas glórias.<br />
Amigos meus mais caros tenho nela,<br />
saudosamente nela, mas amigos são<br />
por serem meus amigos, e mais nada.<br />
<br />
Torpe dejecto de romano império;<br />
babugem de invasões; salsugem porca<br />
de esgoto atlântico; irrisória face<br />
de lama, de cobiça, e de vileza,<br />
de mesquinhez, de fatua ignorância;<br />
terra de escravos, cu pró ar ouvindo<br />
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;<br />
terra de funcionários e de prostitutas,<br />
devotos todos do milagre, castos<br />
nas horas vagas de doença oculta;<br />
terra de heróis a peso de ouro e sangue,<br />
e santos com balcão de secos e molhados<br />
no fundo da virtude; terra triste<br />
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,<br />
cheia de afáveis para os estrangeiros<br />
que deixam moedas e transportam pulgas,<br />
oh pulgas lusitanas, pela Europa;<br />
terra de monumentos em que o povo<br />
assina a merda o seu anonimato;<br />
terra-museu em que se vive ainda,<br />
com porcos pela rua, em casas celtiberas;<br />
terra de poetas tão sentimentais<br />
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;<br />
terra de pedras esburgadas, secas<br />
como esses sentimentos de oito séculos<br />
de roubos e patrões, barões ou condes;<br />
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:<br />
eu te pertenço.<br />
És cabra, és badalhoca,<br />
és mais que cachorra pelo cio,<br />
és peste e fome e guerra e dor de coração.<br />
Eu te pertenço mas seres minha, não<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Jorge de Sena</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-54024449458785407952011-09-03T07:26:00.000-07:002011-09-03T07:30:21.136-07:00OS RICOS PORTUGUESES NÃO PERCEBEM NADA DE TEOLOGIA<div style="text-align: justify;"> <span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Isto há que ter sorte, não só com o país onde se nasce, mas também com o nível de conhecimentos teológicos dos ricos nossos compatriotas. Toda a gente conhece a máxima de Jesus Cristo (que mais tarde foi pelagiado pela Estátua da Liberdade) do “vinde a mim os descamisados, os desprotegidos, os desmembrados, os desnorteados…”; isto é, todos os ‘des’ deste mundo. (será que os desbragados e desbocados também fazem parte deste grupo? Se sim, essa será a minha forma de entrada no reino divino). Segundo a doutrina católica, os ricos gozam na terra e os pobres gozam no céu. (coitados dos pobres que são simultaneamente descrentes...)<o:p></o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"> A revista <i>Forbes</i>, que bem poderia chamar-se <i>Hordes</i>, não é mais do que uma <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>listagem dos mais ricos do planeta, ou seja, dos que têm bilhete directo para uma vida entre as chamas infernais. Alguns dos homens que figuram nesta lista dos que estão a fazer de tudo para passarem uma temporada bem tórrida no <i>post mortem,</i> têm andado a pedir aos governos para taxarem as suas fortunas, numa tentativa desesperada de escapar às chamas; ou seja, querem dar aos pobrezinhos um pouco daquilo que têm.<o:p></o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"> O que se passa em Portugal é que os grandes empregadores, os que também fazem parte da <i>Forbes</i>, não estão nada interessados em ajudar a superar a crise portuguesa com o dinheiro dos seus bolsos, aplaudindo a teoria capitalista de que são os mais pobres que têm de dar aos ricos. (...afinal já eram pobres mesmo...é tudo uma questão de hábito: os ricos estão habituados a ser ricos, e os pobres a ser pobres...) Daqui se concluem duas coisas: ou os ricos portugueses não têm medo do encontro com o tio Lúcifer, ou não percebem nada de teologia.<o:p></o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"> *****<o:p></o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"> <span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Antes de este rude artigo ter saído a lume (expressão que vem muito a propósito), alguém que não quis revelar o nome informou o autor destas linhas de que ambas as hipóteses estão erradas. O que consegui retirar da sua elaborada teoria foi que a forretice dos grandes patrões lusos se deve ao facto de eles serem uns saloios do piorio, que só quando fossem proprietários do mundo seriam capazes de distribuir umas migalhas. É bem capaz de ter razão, este meu arguto leitor!<o:p></o:p></span></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">(Este artigo foi escrito entre as 5:10 e as 5:30 da manhã de Sábado, 3 de Setembro de 2011, após cerca de cinco horas de sono. Há os que dormem com os anjos, e há os que têm sonhos infernais. Isto é que é serviço público! Publico?)<o:p></o:p></span></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Noel Petinga Leopoldo<o:p></o:p></span></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-84135981831205009632011-03-21T16:20:00.000-07:002011-03-21T16:20:15.018-07:00PORTUGAL ESTÁ NAS MÃOS DOS SALOIOS<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Deste mundo que morre (...)</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não me despeço. Morrerei tranquilo,</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ciente de que isto acaba de acabar-se, </i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e uma outra raça há-de nascer na Ibéria</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que será minha como esta não:</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um povo aguarda e espreita, e sabiamente espera</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que os ratos se devorem uns aos outros. </i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span>Jorge de Sena, 31 Dez. 1971</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span></i>in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Visão Perpétua</i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;"></span></b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Já muito tem sido dito e escrito sobre os factores que levam a que Portugal não saia da cepa torta. Os últimos tempos têm sido pródigos <personname productid="em causas. J£" w:st="on">em causas. Já</personname> deixámos a época das suposições; agora, temos certezas: o carácter absolutamente saloio da nossa classe política, empresarial e financeira é que está a dar a estocada final no país, não a pseudo-falta de produtividade dos trabalhadores explorados até ao tutano, não os custos com o ‘monstro’ da administração pública.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Convém explicitar o que é esse carácter saloio, e em que medida ele obsta ao desenvolvimento do país. O saloio já não é aquela figura patusca que vivia nos arrabaldes de Lisboa e cuja mulher ganhava uns tostões a lavar a roupa das burguesinhas da capital. O saloio é, sim, um ser asqueroso que leva a sua vida com o único propósito de se vingar do facto de ter sido (em tempos) o mais pobre do lugarejo, ou de não ter tido a vida fácil dos meninos mais ricos. Entretanto, o saloio espalhou-se, saiu do terrunho e multiplicou-se, como os ratos. Hoje tanto há saloios nas beiras, em Caneças, ou na Avenida de Roma (mesmo antes de a ministra da educação ter adquirido lá uma modesta ‘casinha’). Eles chegaram ao poder, e em força; o objectivo: comer tudo e não deixar nada.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A proliferação de políticos vindos dessas escolas de talentos que são os partidos políticos deu-se rapidamente e atingiu o ponto máximo com José Sócrates. Ainda o actual chefe do governo era um modesto engenheiro técnico (que sonhava ser apenas eng.º), já tinha a cabeça noutros lados. (O homem andava tão distraído que até rubricou uns projectos de casas que a ridícula Lili Caneças teria pudor de perfilhar). A sua ambição levava-o para longe, para a carreira política num partido de poder. Depois de ter estado à experiência na juventude da laranjada, passou-se para o PS (não sei se antes ou depois de ter apertado a mão da Edite Estrela, a mulher invisível que é a n.º 2 para a Europa). A mãozada saiu-lhe cara, isto é, entrou no partido pela porta da frente. Chegado à capital, enfiou-se no ISCTE (um ninho de altos quadros da saloiice). Cedo se apercebeu de que tinha de ser eng.º o mais rapidamente possível, pois a sua carreira política não podia esperar mais. O seu companheiro de carteira viria a ser, nada menos do que Armando Vara, prestes a tornar-se um carreirista profissional. Foi assim que o homem se engenheirou via ‘simplex’ (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">avant la lettre</i>). </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A carreira política até podia ser uma coisa com a sua dignidade, pois então. O pior é que os saloios (os tais que só cá estão para sugar o sangue da manada) descobriram que a política os poderia levar ainda mais longe, muito mais longe. A invasão saloia atingiu proporções verdadeiramente malignas quando os seus protagonistas se aperceberam de que as câmaras municipais das santas terrinhas não eram o fim da escalada. Com o tempo, a Assembleia da República e as denominadas cúpulas dos partidos foram recebendo os saloios ávidos de poder e influência, e desejosos de vingança. Enquanto isto acontecia, os homens e mulheres da antiga escola da ética política iam morrendo, ou ensandecendo (não é verdade Sr. Almeida Santos?) e o caminho ficou ainda mais livre. Não há português vivo que não associe o nome de Portugal a crise; são indissociáveis. Com esta leva de políticos saloios que nos governa (e governará) a sentença de país em crise passou a perpétua. (A Escola até podia acabar com isto, mas os saloios estão empenhadíssimos em dar cabo dela, claro. Já dizia o Cardoso Pires na sua recomendável “Cartilha” que o marialva –leia-se, saloio- desconfia muito dessas coisas que vêm nos livros, pois podem dar a volta ao miolo, que se quer vincadamente pacóvio.)</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Há muitos protagonistas desta marcha saloia: Vítor Constâncio, Américo Amorim, Jardim Gonçalves, o governo (excepto Luís Amado), Cavaco Silva, Durão Barroso...et cetera, et cetera. As evidências de saloiice são inumeráveis. Para além do saque dos egrégios banqueiros e da fina-flor do entulho financeiro que, sabe-se agora (só agora!), andaram a sujar os colarinhos, temos as partes gagas de 99% dos membros do governo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">et al</i>: Augusto Santos Silva, um vira-casaca empenhado em defender a honra do governo a todo o custo (uma espécie de aprendiz de torcionário a brincar aos pides, com ameaças, censura e tudo); Sócrates (já gastei demasiada tinta com ele) tem um percurso de vida que é um hino à saloiice; Maria de Lurdes Rodrigues declarou publicamente ter atingido o orgasmo político (ou melhor, que o ponto mais alto da sua carreira foi) quando um garoto (saloio), assombrado pela ‘dádiva’ de um Magalhães, afirmou que estava tão feliz que quando pudesse votar, fá-lo-ia a favor do partido que tão gentilmente o ‘presenteou’ com um computador, o PS (coitada!); António Pinho defendeu o currículo de um empossado, dizendo que ele era bom pois havia tirado o curso na faculdade onde o Obama estudou (na e<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ast coast </i>dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">U.S. of A..</i>); o caceteiro Jorge Coelho não chegou a bater naqueles que se têm metido com o PS porque foi governar a sua vida; o Durão ‘cherne’ Barroso também se fez à vida...Cavaco governa a sua apelando à serenidade...Tanto saloio num território tão pequeno.<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Regra geral, os partidos políticos ditos ‘de poder’ são autênticas universidades da canalhada, onde só os mais incompetentes trepam, a custo (ou cuspo) de lamber as botas da pessoa certa, o líder promissor. O unanimismo na votação das propostas de Sócrates para o congresso do partido é sintomático disso. Mas é também a prova de que no PS a subida das hostes saloias ao controlo do partido está terminada e perfeitamente pacificada. As ‘bases’ já chegaram ao topo. Uma fatia substancial do PSD, um partido que se auto-proclama de ‘popular’, está bastante mais reticente em deixar que a turba saloia chegue ao poder. Neste partido os ‘barões’ estão a estrebuchar, mas recusam-se a entregar o partido aos saloios das ‘bases’, estando a laranja a pagar um alto preço por isso.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os saloios vieram para ficar. A vingança e a sede de poder estão inscritos no seu código genético. Portugal está no papo. O cancro instalou-se e é impiedoso. Não há nada que dê cabo dele?</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">Este artigo é dedicado ao amigo João Miguel, que a esta hora deve andar às curvas pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">twilight zone </i>(bem longe dos saloios), e ao Cardoso Pires e à sua “Cartilha do Marialva”.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">Noel Petinga Leopoldo</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-12100938964467377032011-03-09T10:47:00.000-08:002011-03-09T10:47:30.039-08:00A ÚLTIMA CEIA DE JOSÉ SÓCRATES<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Começo por afirmar, sem que haja margem para dúvidas, que não desejo a morte do Sr. Sócrates, e espero que ele tenha muitas mais ceias pela sua vida fora…de robalinho grelhado…e coisas boas do género. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Não passou despercebida da opinião pública a triste cena em que jovens do movimento ‘Geração à Rasca’, numa atitude bem punk rocker (tipo ‘no future’…Sex Pistols…anos 70) num jantar que seria de apoio a Sócrates, foram empurrados e esbofeteados <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>desnecessariamente pelos gorilas do Sr. Primeiro-Ministro só por empunharem cartazes e atirarem para o ar umas megafónicas frases que não se destinavam propriamente a louvar o senhor (Sócrates). (Jovens à rasca é um belo pleonasmo, pois jovens que não estão ‘à rasca’, só aqueles ‘jovens agricultores’ cinquentões e sabidões dos subsídios, e os jotinhas dos partidos de poder…todos os outros têm muitos motivos para se sentirem enrascados). Penso até que, no fundo, o que os levou ali foi a necessidade de receber ensinamentos de alguém que, depois de ver o nome tão mencionado em variadíssimos escândalos ligados a corrupção e tráfico de influências (nada provado…nada provado!), nunca se sentiu ‘à rasca’…talvez por já não ser jovem.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Lembrei-me deste eucarístico título porque a atitude de Sócrates fez-me lembrar muito algumas cenas da vida de Cristo. De facto, após terem sido expulsos do ‘templo’ (não pelo Primeiro-Ministro, note-se), este, num gesto de quase perfeita magnanimidade cristã, grita aos jovens que não se vão embora…que fiquem...bem diz a Bíblia: ‘Felizes os convidados para a ceia do Senhor’. (aqui a comparação é abusiva porque depois de terem levado uns bons bofetões dos cães de fila do Sr. Sócrates, a rapaziada estava bem longe desse estado de felicidade que é a graça de acompanhar o Primeiro-Ministro num jantar. Também se pode ler no livro sagrado: ‘Vinde a mim as criancinhas’ – neste caso, ‘vinde a mim esses jovens descontentes…vinde a mim.’ Mas o gesto mais crístico do sr. Ministro foi quando deu a entender que teria muito prazer em tê-los por companhia no jantar, mesmo depois de ter sido vilipendiado por eles. Que gesto magnânimo! É, ou não é uma verdadeira atitude de ‘dar a outra face’? Há alguma coisa mais cristã do que isto. Sócrates, o rabugento Sócrates, conhecido por se irritar facilmente quando o põem um bocadinho em causa, perdoou publicamente aquele grupo de jovens, e fê-lo com expressões faciais tão…tão pacíficas, iluminadas de piedade. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;">Diz quem lá esteve que quando Sócrates se sentou, o grupo de pessoas que ficou no banquete (velhos, e jovens que não estão ‘à rasca’) gritaram em uníssono: <i>Ecce Homo</i>!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Temos Messias!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div>Noel Petinga LeopoldoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-66433338072192754652011-02-04T02:15:00.000-08:002011-02-04T02:15:11.400-08:00O SEXO E OS BLUES - Breves Apontamentos<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="color: black; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Well, I'm a king bee<br />
Buzzin' around yo' hive<br />
Well, I'm a king bee<br />
Buzzin' around yo' hive</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-family: Calibri;"><i><span lang="EN-US" style="color: black; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></i><span lang="EN-US" style="color: black; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;">Slim Harpo, <i>King Bee</i></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="pt" style="background: white; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: #0016; mso-highlight: white;">Os blues estão ligados à sexualidade, como o feijão preto à picanha. Este género musical surgiu entre finais do século XIX e inícios do século XX, numa região dos Estados Unidos da América profundamente arreigada ao racismo e à supremacia branca: o Sul. Foi no cerne da política Jim Crow, de profunda segregação racial, que surgiram os primeiros <i>bluesmen</i>, isto é, indivíduos sem eira nem beira que viam na música uma fuga ao duro trabalho no campo, nomeadamente a apanha do algodão, e que, dezenas de anos antes do estrelato rock, sentiam que como músicos podiam mais facilmente conquistar mulheres. O corpus de letras ‘blues’ é riquíssimo, não só pela vastidão dos temas, como também pelo seu mais ou menos incipiente uso da metáfora, ou outras questões linguísticas como as mensagens encriptadas, isto é, só perceptíveis às pessoas da comunidade negra. Quer fosse a dureza da vida no campo, o escape da bebida, as condições de vida dos negros no sul dos Estados Unidos, o racismo, catástrofes natuarais, sobre tudo se falava nas letras dos primeiros <i>bluesmen</i>. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: #0016; mso-highlight: white;">Não é despiciendo lembrar que um dos clichés racistas que mais propalados foram durante a perseguição racial nos Estados Unidos, prendia-se com o carácter profundamente sexuado e promíscuo dos negros. Não nos esqueçamos que muitos negros (demasiados) foram barbaramente assassinados (a técnica mais usada era a do linchamento, consequente banho de alcatrão quente e penas de aves, e, por vezes, a mutilação do órgão sexual). Isto acontecia muitas vezes porque simplesmente alguém na comunidade branca não gostava do olhar de um negro, ou porque se insinuava, com ou sem motivo, que determinado negro mantinha relações com uma branca.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os negros (geralmente os mais velhos) que punham o chapéu na mão em sinal de respeito e desviavam o olhar do branco, tinham mais hipóteses de escapar. O cúmulo da hipocrisia era que as mulheres negras – pertencentes a uma raça dita inferior e execrável - eram muito cobiçadas pelos brancos que, supostamente, deveriam sentir nojo só pela proximidade. A carne falava mais alto...fala sempre mais alto.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: #0016; mso-highlight: white;">Feita a contextualização, chegamos ao que interessa, ou seja, o carácter sexual de algumas letras de <i>bluesmen</i> consagrados. O intuito deste artigo não é dar conta da riqueza de temas das letras dos blues, mas sim fazer referência a um tema recorrente: a sexualidade. Assim, o auto-elogio das proezas sexuais e a infidelidade estão entre os temas mais tratados. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: #0016; mso-highlight: white;">Comecemos pelo tema da premonição (muito recorrente nos blues, não estivesse a comunidade negra associada à baixa escolaridade e muito ligada a rituais africanos ancestrais) de que um miúdo está destinado a ser 'levado da breca' e irá levar as mulheres à loucura; é o que temos na primeira estrofe de “Hoochie Coochie Man” de Muddy Waters (traduzindo para um português convencional, poder-se-ia dizer que significa ‘homem danado para a brincadeira’, leia-se, coito:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">The gypsy woman told my mother<br />
Before I was born<br />
I got a boy child's comin'<br />
He's gonna be a son of a gun<br />
He gonna make pretty women's<br />
Jump and shout<br />
Then the world wanna know</span></span></i><i><span lang="EN-US" style="background: white; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><br />
</span></i><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">What this all about<br />
But you know I'm him<br />
Everybody knows I'm him<br />
Well you know I'm the hoochie coochie man<br />
Everybody knows I'm him</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">Neste excerto da estrofe seguinte não restam dúvidas de que ele é o ‘lover man’ ideal: </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">I'm gonna make you girls<br />
Lead me by my hand<br />
Then the world will know<br />
The hoochie coochie man<br style="mso-special-character: line-break;" /></span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">O auto-elogio é também bastante visível numa música aparentada rítmica e melodicamente com a anterior: <i>I’m a Man, </i>de Bo Diddley. Nesta, tal como em muitas outras letras, a proeza vem associada ao tempo de duração do coito. Assim, Diddley não só afirma que é capaz de aguentar uma hora de coito, como afirma inequivocamente que essa hora será de gozo total e irresistível: (as mulheres bem podem começar a fazer fila!)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">All you pretty women,<br />
Stand in line,<br />
I can make love to you baby,<br />
In an hour's time.</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">The line I shoot,<br />
Will never miss,<br />
The way I make love to 'em,<br />
They can't resist.</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">Outra música que é um standard dos rhythm & blues, "Sixty-minute man", apresenta também uma estrutura imagética relacionada com a proeza sexual do sujeito:</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-family: Calibri;"><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;">Look a here girls I'm telling you now<br />
They call me "Lovin' Dan"<br />
I rock 'em, roll 'em all night long<br />
I'm a sixty-minute man</span><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 9.5pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">O 'eu' não só se apresenta como um amante que faz perdurar uma relação durante uma hora, como ainda faz subentender que tem capacidade para ter mais do que uma relação, quando afirma: " I rock 'em, roll 'em all night long". O termo rock'n'roll é também curioso pois ainda antes de ter sido cunhado pelo DJ Alan Freed na explosão do rock nos anos cinquenta, era já um termo usado para se referir ao acto sexual. Os próprios termos 'rock' (movimentos verticais) e 'roll' (movimentos circulares) podem sugerir o coito. Não foi à toa que, quer pelo facto de ter sido tocada por negros, no início, quer pelo conteúdo 'risqué' (abordagem assanhadamente sexual, mas subliminar) de muitas letras, quer pelos movimentos dos dançarinos, tidos como lascivos, os R&B e o R&R foram banidos das rádios não regionais, até que o fenómeno se tornou tão incontornável (os miúdos brancos ficavam loucos com aqueles ritmos) que a estratégia comercial passou a ser, 'se não podes combatê-los, junta-te a eles. Daí que muitos artistas brancos tenham pegado nesses standards (Pat Boone é apenas um exemplo) para dar um toque menos perigoso. O que os pais não sabiam era que a capa do disco podia ser de um jovem branco tipo ‘genro ideal’, mas o que estava a rolar no gira-discos era o original... provavelmente o Little Richard a gritar como um possuído.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">Nos versos seguintes, o 'eu' aparece com a auto-confiança gabarola habitual dizendo que se não acreditam, venham experimentar; é como se estivéssemos no mundo da publicidade, ou seja, 'leve este produto e não se arrependerá'.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">If you don't believe I'm all that I say<br />
Come up and take my hand<br />
When I let you go you'll cry "Oh yes,"<br />
"He's a sixty-minute man"</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">A tal hora de coito aparece repartida em quatro partes. Bem feitas as contas, há 15 minutos de beijos, 15 minutos de 'brincadeira', 15 minutos de apertos e 15 minutos de êxtase(!). </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="EN-US" style="background: white; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-highlight: white;"><br />
</span><span style="font-family: Calibri;"><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;">There'll be 15 minutes of kissing<br />
Then you'll holler "please don't stop"<br />
There'll be 15 minutes of teasing<br />
And 15 minutes of squeezing<br />
And 15 minutes of blowing my top</span></i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">Nesta mesma música o 'eu' apresenta-se como uma espécie de consolador de mulheres mal-casadas:</span></span><span lang="pt" style="background: white; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: #0016; mso-highlight: white;"><br />
<br />
<i>If your man ain't treating you right<br />
Come up and see ol' Dan<br />
I rock 'em, roll 'em all night long</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">O poeta e filósofo americano Emerson ficaria embevecido com tanta demonstração de 'self-reliance' (auto-confiança).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">O tema da infidelidade e da 'fuga com as calças na mão' está muito bem representada no tema “Back Door Man” de Willie Dixon e celebrizada por Howlin’ Wolf. <i>Back door man</i> é aquele que se escapa pelas traseiras, isto é, o que, com a aproximação do marido da amante, só lhe resta fugir...ao cair da manhã:</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">I am, a back door man<br />
I am, a back door man<br />
Well the, men don't know, but the little girls understand<br />
When everybody's tryin' to sleep<br />
I'm somewhere making my midnight creep<br />
Yes in the morning, when the rooster crow<br />
Something tell me, I got to go<br />
I am, a back door man</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">Num outro tema, 'Tail dragger', Howlin' Wolf volta ao tema da infidelidade. Neste caso, a proeza do indivíduo é ter sexo com todas as miúdas que apanha pela frente, sem deixar pistas.<i></i></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">I'm a taildragger<br />
I swipes out my track<br />
When I get what I want<br />
I don't come sneakin' back</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Uma particularidade muito curiosa nesta letra tem que ver com o seu carácter metafórico, visível desde logo no título: 'tail dragger' é aquele que arrasta a cauda, neste caso para apagar as pistas. O próprio nome Wolf leva-nos para o carácter animalesco e ameaçador do ‘eu’ (o intérprete). Daí que apareça uma referência a caçadores e à esperteza do 'animal' para lhes escapar (não voltar a atacar a mesma presa e não deixar vestígios).</span><i><br style="mso-special-character: line-break;" /></i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">When the mighty Wolf<br />
Make a midnight creep<br />
Then the hunters<br />
They can't find him<br />
Stealin' chicks<br />
Everywhere he go<br />
Then drag his tail<br />
Behind him<br />
I'm a taildragger<br />
I wipe out my track</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Tal como um amante pega num cigarro ao saír de casa da amada, ou salta uma vedação com o regojizo de um coito bem-sucedido, o 'mighty' Wolf abana a cauda (pensando talvez já na sua próxima 'vítima') como sinal de que "somebody's daughter" já teve o prazer de o conhecer (biblicamente falando).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br />
</span></i><i><span lang="EN-US" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">When the mighty Wolf<br />
Come along waggin' his tail<br />
He done stole<br />
Somebody's daughter</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Uma música que apresenta um aspecto metafórico bastante original e expressivo é "I'm A King Bee" (zangão), de Slim Harpo. Nesta letra, o sujeito afirma ser um zangão que passa o tempo a assediar a colmeia da mulher amada. Ora, o zangão, como é próprio da espécie, tem um ferrão, sendo que o ‘ferrão’ não é mais do que o seu órgão sexual, e a colmeia, os genitais da mulher amada.<i></i></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Well, I'm a king bee<br />
Buzzin' around yo' hive<br />
Well, I'm a king bee<br />
Buzzin' around yo' hive</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span lang="pt" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">O mel, de que se fala neste dístico seguinte não é mais do que o orgasmo...tudo o que ela tem a fazer é deixá-lo entrar...(!). Há notoriamente um trocadilho presente neste dístico, dado que 'come' em inglês significa ao mesmo tempo entrar ou ter um orgasmo...o curioso é que uma coisa pode levar à outra.</span><i><span lang="pt" style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: #0016;"></span></i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Well, I can make honey, baby<br />
Let me come inside</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="pt" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Também esta letra faz referência à enorme capacidade sexual do 'eu'. De facto, sendo jovem, é bem capaz de satisfazer a parceira a noite toda. O zumbido é o próprio acto sexual.</span><i><br />
</i></span><i><span lang="pt" style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: #0016;"><br />
</span></i><i><span lang="pt" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">I'm young and able<br />
To buzz all night long<br />
I'm young and able<br />
To buzz all night long</span></span></i><i><span lang="pt" style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: #0016;"><br />
</span></i><span lang="pt" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Se ela aceitar ser a sua parceira (rainha), o resultado será um amor nunca antes visto...</span><i><br />
</i></span><i><span lang="pt" style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: #0016;"><br />
</span></i><i><span lang="EN-US" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Well, I'm a king bee<br />
Want you to be my queen<br />
Well, I'm a king bee<br />
Want you to be my queen<br />
Together we can make honey<br />
The world ever, never, seen</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="pt" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No dístico seguinte ficamos a saber que o 'eu' está a cobiçar uma mulher que já tem parceiro:</span></span><i><span lang="pt" style="color: black; font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: #0016;"><br />
</span></i><i><span lang="pt" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Well, I can buzz better, baby<br />
When yo' man is gone.</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="color: black; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Num outro parágrafo aludiu-se à censura ao nível da passagem da música dita de 'race' (música negra) nas maiores estações de rádio, mas muitos são os exemplos de censura no que respeita as letras das músicas. "</span></span><span style="font-family: Calibri;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;">Shake Rattle & Roll", interpretada por Big Joe Turner e escrita por Charles Calhoun, é um óptimo exemplo daquilo a que me refiro. Mas também podia mencionar uma música que Elvis interpretou "One night With You", que no original aparecia como "One Night of Sin"...Ora, 'love' e 'sin' são coisas bem diferentes. Neste excerto 'censurado', o 'eu' demonstra a maravilha de ter visto as carnes de uma mulher quando o sol lhe permitiu vislumbrar o seu corpo através de um vestido curto. Algo bastante inocente, mas a companhia discográfica não arriscou e cortou os versos:</span><span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">Well, you wear low dresses, the sun comes shining through<br />
Well, you wear low dresses, the sun comes shining through<br />
I can't believe my eyes all that mess belongs to you</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">Outro tema recorrente prende-se com a infidelidade por parte da mulher. Um bom exemplo disto é a música "Dust My Broom", de Robert Johnson. Também nesta letra podemos ver o uso da metáfora. De facto, <i>dust the broom</i> significa tirar o pó da vassoura. A vassoura é aqui o órgão sexual e, neste caso, face à infidelidade da amante, 'tirar o pó' significa procurar outra parceira...fazer-se à estrada (<i>hit the road</i>). </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">I'm gonna get up in the mornin',<br />
I believe I'll dust my broom </span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-family: Calibri;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;">Aqui, o 'eu' afirma claramente que pretende deixar o lugar vago para o amante da mulher, pois não pretende ter uma mulher que vai com qualquer homem:</span><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;"><br />
<i>Girlfriend, the black man you been lovin',<br />
girlfriend, can get my room</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">(...)</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">I don't want no woman,<br />
Wants every downtown man she meet <br />
She's a no good doney,<br />
They shouldn't 'low her on the street</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Nos versos seguintes podemos ver que o rejeitado não perde tempo a chorar sobre leite derramado, mostrando interesse em procurar uma namorada que já conhecia de outras andanças:</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 18pt 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">I'm gon' call up Chiney,<br />
She is my good girl over there<br />
If I can't find her on Philippine's Island,<br />
She must be in Ethiopia somewhere</span></i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;"></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span lang="pt" style="background: white; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-highlight: white;"><span style="font-family: Calibri;">Por fim, uma música emblemática de Robert Burnside, cantor de blues da zona montanhosa do norte do Tenessee, lavrador durante a semana e cantor aos fins de semana nos bares das comunidades rurais vizinhas. Nestes versos demonstra o ensejo de experimentar sexualmente outras mulheres...diz ele que pretende ver se as raparigas da Georgia são tão boas como a dele...um argumento, no mínimo, curioso:</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-layout-grid-align: none;"><i><span lang="EN-US" style="background: white; font-family: "Verdana", "sans-serif"; font-size: 9pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-highlight: white;"><br />
</span></i><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">I don't know, but I been around, tell me them women shake 'em on down<br />
Yes, I'm goin' Georgia line, see if them women sweet like mine</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Nos versos seguintes faz-se referência a um atributo sexual das mulheres daquele estado, isto é, a capacidade de serem boas no felatio (<i>jelly roll</i>, em linguagem codificada), e o facto de se mexerem bem. </span><i><br />
</i></span><i><span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016;"><br />
</span></i><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: EN-US;">I don't know, but I been told, them Georgia women sweet jelly roll<br />
Yeah, I don't know, but I been around, tell me them Georgia women shake 'em on down.</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Razões suficientes para que o ‘eu’ vá de malas e bagagens para a Georgia…onde as noites são realmente quentes…e muito húmidas.</span></span><i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 5pt 0cm; mso-layout-grid-align: none;"><span lang="pt" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016; mso-bidi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Noel Petinga Leopoldo</span></span><i><span lang="pt" style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: #0016;"></span></i></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-29829441790535624982011-01-15T03:40:00.000-08:002011-01-15T03:40:50.298-08:00ISABEL ALÇADA E LURDES RODRIGUES: FARINHA DO MESMO SACO?<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"> Para ser objectivo, o saco é o mesmo, mas a farinha é diferente. Lurdes Rodrigues foi a caceteira escolhida por Sócrates para pôr os professores na linha. Como é sabido, exagerou e foi mandada para presidente de uma fundação: o céu de qualquer político quando deixa de o ser. Lurdes era a ‘Pide má’, isto é, a que dava pancada. Isabel Alçada é a ‘Pide boa’, a que dá carinhos para ver se o torturado se rende. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O Ministério da simpática e carinhosa Isabel Alçada está a prepara-se para pôr na rua cerca de trinta mil professores (uma boa parte deles já com muita experiência de ensino) através de um conjunto de medidas muito pouco pedagógicas. O Sousa Tavares, esse grande ‘fazedor de opiniões’ que só são assim porque não são assado (isto é, interessa é atirar umas coisas para o ar porque o dinheirinho ganho com as suas opiniões da treta, esse é que interessa) é bem capaz de vir aplaudir o pacote de medidas, porque o país está em crise blá, blá, blá. Todavia, não nos esqueçamos que estas medidas irão ser aplicadas para pôr professores na rua. A poupança de dinheiro para consolidar as finanças públicas (que saboroso cliché) já está a ser levada a cabo com os cortes salariais na função pública.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os pais parecem estar distraídos, mas este é mais um rude golpe para o ensino público. Estas medidas irão fazer com que um número mais reduzido de professores faça o trabalho deixado pelos milhares que irão para a rua. Com quem é que o Ministério da Educação aprendeu isto? Claro, com os grandes patrões, os que ganharam rios de dinheiro fazendo com que um funcionário levasse a cabo o trabalho que deveria ser feito por dois ou três. Uma das consequências inevitáveis deste pacote de medidas (de entre as quais destaco as alterações curriculares, que não visam um melhor ensino, mas sim menos gastos no ministério) é o aumento do número de alunos por docente. (Estamos tão longe da Finlândia…o modelo de ensino que o Sr. Sócrates queria para a nação)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E onde é que fica Isabel da Alçada figura no meio disto tudo? No triste papel da pessoa que tem conhecimento e inteligência suficientes para saber que nada disto irá melhorar o ensino público (Alçada foi professora do básico e secundário durante muitos anos, até a carreira literária vir pôr um termo ao mundo fascinante da docência em Portugal), mas que se mantém impávida e sereníssima no seu papel de Durão Barroso: a fazer pela vidinha, a piscar o olho a um tacho que já não está muito longe. A ‘Pide boa’ também irá para o ‘céu’.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No próximo mês de Setembro veremos Alçada num pequeno vídeo do ‘youtube’ a consolar os professores que irão para o desemprego.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Isabel estica um sorriso de orelha a orelha, e com um olhar compungido de dor…e, já agora, com um sotaque à Lili Caneças…(no melhor pano cai a nódoa)</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;">Queridos professores, é com o coração apertado que vos venho falar. A vossa vida não será fácil, tenho consciência disso. Eu sei o que estão a sentir, pois uma vez tive de despedir a minha mulher-a-dias, coitadinha, e acho que estive deprimida umas duas horas. Venho aqui lançar-vos um sinal de esperança…há vida para além do ensino, Portugal é um país promissor e em plena expansão económica; todos encontrarão o seu lugar ao sol, não tenho qualquer dúvida disso. Olhem, aproveitem o subsídio de desemprego e façam umas feriazinhas, escrevam livros para crianças…mas não se esqueçam que não podem chamar-lhe ‘Uma Aventura…’ esses já existem. Façam tricot; está na moda e é muito chique…todas as minhas amigas o fazem. </span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;">Neste momento de dor, quero sublinhar a ideia de que o novo ano lectivo que está prestes a começar arrancará mais pobre sem vocês. Boa sorte, meus queridos.</span></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;">Cameraman: Ó Dr.ª, na se vá emora ainda…agor’é o vídeo p’rós putos…os alunos…</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;">Alçada: Ah, é verdade! Olhe, já me esquecia…que cabeça a minha…eh, eh, eh.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Noel Petinga Leopoldo</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">P.S. Segundo os resultados de um daqueles estudos europeus que Sócrates costuma usar para humilhar os docentes, neste caso o ‘PISA’, os professores portugueses apresentaram muito bons resultados no que concerne à confiança que os alunos sentem relativamente ao ensino por eles ministrado, assim como na qualidade da relação pedagógica professores-alunos. Isto não foi noticiado de forma condigna, obviamente. Os professores estão mesmo a precisar de um lobby na imprensa nacional.</span></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-47567732405178350352011-01-11T07:17:00.001-08:002011-01-11T07:17:19.285-08:00<object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/wj7LKI8rIUo?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/wj7LKI8rIUo?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-55261048654083159282011-01-11T07:16:00.001-08:002011-01-11T07:16:28.059-08:00<object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/JpN-otuHqn8?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/JpN-otuHqn8?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-55987993297250300032011-01-09T08:36:00.000-08:002011-01-09T08:36:13.678-08:00CAVACO E AS (BOAS) ACÇÕESO meu nome é Tó Escamas da Cunha Cabral e sou um mero repórter fotográfico de um pasquim que se chama “Petinga Empalhada”. Escrevo esta carta ao director pois obtive, por mero acaso, um furo jornalístico de inquestionável importância: Cavaco comprou as acções a preço de saldo, na Feira da Ladra, e as suas intenções não foram especulativas, mas sim enternecedoras. <br />
Como é que descobri? Fácil, eu estava lá a vender gravadores de bolso e pude registar a conversa entre Cavaco e o fulano da SLN. <br />
<br />
Feira da Ladra, 9 horas da manhã<br />
<br />
Fulano da SLN: Acções baratinhas, olhás acções baratinhas…é pegar ou largar…<br />
(Aparece Aníbal Cavaco acompanhado pela sua esposa e restantes membros da família…Maria Cavaco fica para trás a ver uns livros sobre a vida de Cristo…um deles era O Evangelho do Saramago…carrega o sobrolho e num esgar de vómito larga o livro e desata a correr em direcção ao esposo, agoniada. Aníbal não lhe passou cavaco…estava doido com o preço das acções. Aníbal aproxima-se e, fingindo não conhecer o vendedor, enceta conversa)<br />
Aníbal: Está um dia bonito, sim senhor…um dia fantástico para comprar acções a preço de saldo.<br />
(O fulano da SLN reconheceu a senha…só podia ser o sotôr Aníbal)<br />
SLN: Tenho aqui umas belas acções. Estão a um euro. Posso garantir-lhe que ali estão a vendê-las a dois e três euros.<br />
(Os olhos de Aníbal reviraram-se de prazer…Maria já tinha visto aqueles olhos antes, num contexto diferente)<br />
Aníbal: Sabe, sou um avô babado…<br />
SLN: O meu era bêbedo…<br />
Aníbal: Estou com alguns problemas financeiros…os meus netos estão sempre a reclamar presentes. Quando vão lá a casa, aparecem logo com a mão estendida. Comecei por dar-lhes bombons, ovos de chocolate…mas entretanto cresceram e querem sempre mais. Na última vez foi um porche e três I-Pad. Nunca estive tão em baixo…<br />
SLN: Há comprimidos bons para isso…<br />
Aníbal: …eu estou a falar em termos financeiros. O meu instinto de grande economista diz-me que devo ficar por aqui. As outras acções, as mais caras, vão dar menos dinheiro, penso… <br />
(Maria carregou o semblante…nunca vira Aníbal esboçar dúvidas em público...muito menos dúvidas de um calibre tão…imbecil. O fulano da SLN esboçou um sorriso cúmplice)<br />
Aníbal: Aqui está o seu dinheiro.<br />
SLN: Aqui estão as suas acçõezinhas, sotôr.<br />
(Aníbal tenta esboçar um sorriso, mas não consegue...fica-se por um esgar que podia confundir-se com um indício de possível ida à casa de banho. O homem da SLN diz que aquelas coisas acontecem, e indica a latrina mais próxima com o braço estendido. Aníbal não percebeu. Maria ficou incomodada…nunca vira o marido a mostrar total ausência de compreensão em público. Pela sua careta podia ver-se que o marido iria ouvir das boas em casa. Aproxima-se o neto mais novo de Aníbal, montado numa moto 4)<br />
Neto mais novo: Avô, vou levar esta…<br />
Aníbal: Ó meu querido, agora não pode ser, mas daqui a uns aninhos estes papelinhos que tenho na mão podem comprar todas as motos 4 que quiseres. Tens de ter paciência, queridinho.<br />
(Aproxima-se o neto ainda mais novo de Aníbal. Na mão traz um livro muito manuseado)<br />
Neto ainda mais novo: Avô! Quero este livro…gosto do desenho…e custa só 50 cêntimos. A avó está sempre a dizer que temos de ler muito para ficarmos muito espertos. <br />
(A avó Maria, babada, aproxima-se do neto. Quando vê de que livro se trata não tem tempo sequer de pensar em latrinas…os restos do pequeno-almoço mancham a capa onde ainda se podiam ler as palavras ‘Evangelho’ e ‘Saramago’. O pai do rapazito não percebeu…é mesmo um Anibal)<br />
<br />
Noel Petinga LeopoldoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-16573255807192383742011-01-07T15:35:00.000-08:002011-01-07T15:35:41.772-08:00<object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/OqXCCgNAW1A?fs=1&hl=pt_PT&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/OqXCCgNAW1A?fs=1&hl=pt_PT&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-12530237341544266222011-01-06T13:20:00.000-08:002011-01-06T13:20:51.694-08:00CAVACO E OS POBREZINHOSCavaco Silva (Sr. Presidente, para os amigos) tem andado muito com os pobrezinhos na boca, ultimamente. Fontes próximas da Presidência já revelaram que o Sr. Presidente não se preocupava tanto desde que a sua esposa Maria (reformada como professora do ano zero (!) de Literatura Portuguesa na Universidade Católica) se engasgou com uma cavaca das Caldas, ou quando o Papa vacilou no nome de um dos netos do presidente. No fim, Cavaco suspirou de alívio: o Papa não se enganara. Aliás, para Cavaco, um Papa nunca se engana…nem tem dúvidas…(onde é que já ouvi isto?)<br />
Cavaco foi Primeiro-Ministro de todos os portugueses durante o tempo suficiente para distribuir correctamente os tais dinheiros vindos da Europa, e para fazer as reformas necessárias ao desenvolvimento do país; todavia, como é sabido, algo mais importante se interpôs entre ele e esses nobres propósitos: as obras públicas, a criação de pseudo universidades em todos os cantos do país, e o betão. Altos princípios, portanto. Cavaco tem bom coração; é amigo do seu amigo: catedráticos arrivistas, empresários ávidos de dinheiro e empresas construtoras. (Para além de todos os seus incontáveis feitos, (entre os quais se contam… agora não me ocorre nenhum, tenho fraca memória…) Cavaco ainda ficará na história por ter sido a força motriz que lançou uma nova classe social: a dos burgessos; mais conhecidos como novos-ricos. Nouveau-riche, em Francês, para dar um toque de irrepreensível cultura sociológica.<br />
Há uns anos atrás, Cavaco não estava muito sensibilizado para esta questão da pobreza e dos que têm menores rendimentos. Pode-se dizer que a energia dos seus verdes anos (sim, pois se um agricultor é jovem até aos cinquenta, Cavaco, enquanto Primeiro, estava na força da juventude) se encontrava toda ela dirigida para a criação de dinheiro que seria usado pelos amiguinhos, dele e dos partidos, (para ajudar os pobrezinhos, claro). Sempre a fazer o bem, aquele bom cristão.<br />
Todavia, tempus fugit, como muito bem diziam os latinos, e Cavaco, com a lágrima no canto do seu olho manhoso, lá vai dissertando sobre a pobreza daqueles que recebem cem vezes menos do que ele à custa da sua tri-reforma. (Tadinhos!). Se Cavaco ganhar as eleições, desta vez é que ele vai ajudar os pobrezinhos. As outras hipóteses que teve, não contam. Se ganhar as eleições, não lhe ofereçam cavacas das Caldas, lembrem-se que a senhora Maria é muito engasgadiça. (Tadinha!)<br />
Noel Petinga Leopoldo<br />
<br />
P.S. Ruy Belo - In memoriam<br />
SONETO SUPERDESENVOLVIDO<br />
<br />
É tão suave ter bons sentimentos<br />
consola tanto a alma de quem os tem<br />
que as boas acções são inesquecíveis momentos<br />
e é um prazer fazer bem<br />
<br />
Por isso se no verão se chega a uma esplanada<br />
sabe melhor dar esmola que beber a laranjada<br />
Consola mais viver assim no meio de muitos pobres<br />
que conviver com gente a quem não falta nada<br />
<br />
E ao fim de tantos anos a dar do que é seu<br />
independentemente da maneira como se alcançou<br />
ainda por cima se tem lugar garantido no céu<br />
gozo acrescido ao muito que se gozou<br />
<br />
Teria este (se não tivesse outro sentido)<br />
ser natural de um país subdesenvolvido<br />
<br />
Ruy BeloUnknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-62969998407933072222011-01-06T13:16:00.000-08:002011-01-06T13:16:13.547-08:00ÚLTIMA SESSÃO: JÁ NÃO HÁ CINEMA EM PENICHE“(...) de uma vez que passei férias em Portugal, <br />
fui para norte. Estive em Peniche – recordo-me <br />
de ir ao cinema, que era frequentado pelos <br />
pescadores, e havia raparigas que passeavam <br />
à noite com os namorados, e isso era muito bom.”<br />
<br />
Entrevista a Hugo Pratt<br />
in Corto Maltese no Público, p. 18<br />
<br />
<br />
Hugo Pratt, um dos maiores escritores de banda desenhada de sempre, andou em tempos pela península de Peniche e pelo concelho, lembrando-se inclusive –como se pode ver pela epígrafe deste artigo- de uma ida ao cinema local. A grata visão das plebeias sessões no Cinemar ter-lhe-ão recordado a sua Itália natal e as moças de altas pernas, vestidos de cetim cingidos à anca escultural e generosos lábios carnudos e molhados dos filmes do Rosselini e do De Sica. (Acho que, sem querer, fiz um tosco esboço da Sofia Loren.)<br />
Infelizmente, os autarcas que decidiram pela condenação do edifício do Cinemar em favor da viabilidade imobiliária, não só não tinham a visão romântica de Pratt, como não tinham qualquer outro tipo de visão digno desse nome. Aliás, ver para além do imediato é o que separa um bom autarca de um vendedor de banha da cobra. Ao contrário do que foi feito noutros locais –veja-se o bom exemplo de Alcobaça- a autarquia de Peniche não investiu num verdadeiro cine-teatro. Terão pensado, nas suas vistas de curtíssimo alcance, que o “cine-teatro do padre” e as suas celestiais condições bastavam a Peniche (e sobravam). Com o fim do Cinemar ficou a sala do Centro Comercial Quarto Crescente. Não era a mesma coisa, mas passou muito e bom cinema ao longo de várias décadas (e sem as irritantes pipocas do cinema sub-desenvolvido). A sala resistiu durante um certo tempo, mas acabou por ter o mesmo destino da outra. <br />
O que explica o fim do cinema na nossa localidade não é apenas a proliferação do DVD pirata, dos downloads, a proibição de pipocas, e as carências económicas e culturais da população (apesar de o Chico-esperto português ter um prazer especial na doce ilegalidade e no facto de ver, de graça, um determinado filme um mês antes dos cem mil portugueses que ainda não aderiram à pirataria). A autarquia, pela mão dos seus responsáveis –quer num, quer noutro caso- negou a persistência do cinema em Peniche. Os autarcas são os verdadeiros responsáveis. (Os carnavais de inverno, de verão e os outros, que ocorrem ao longo do ano, são mais merecedores de investimento...dão mais nas vistas, que é o que interessa. Até parece que lhes leio o pensamento, “o Carnaval é popular, o cinema é elitista”).<br />
Na verdade, desapareceu outra sala de cinema, e a Câmara (mais uma vez) assobia para o lado, como se nada lhe dissesse respeito. À Câmara resta-lhe penitenciar-se –e a partir de agora pode fazê-lo na recentemente convertida sala de cinema do Quarto Crescente- e lavar a cara, apostando num auditório digno de uma cidade que tem de deixar de ser um vilarejo provinciano, coutada e recreio de ‘elites’ pacóvias, estéreis e novo-ricas que é hoje...ainda. (Aproveito para criticar publicamente a aposta naquela espécie de auditório do edifício da Parreirinha. Se não havia condições para fazer algo digno, então qual o interesse de gastar dinheiro naquilo. Esse dinheiro seria mais bem aplicado na compra da sala de cinema do Quarto Crescente, por exemplo. Perdidas aquelas duas oportunidades, a nova biblioteca seria o espaço ideal para fazer um excelente auditório e ressuscitar o cinema).<br />
Quanto à confissão religiosa que irá ocupar o espaço do cinema, e não querendo menosprezar a verve e carisma dos seus oradores, propunha que passassem (dado terem as condições necessárias para isso) uma série de filmes que dizem mais do que todos os pregadores deste mundo, e do outro. Assim, venho por este meio solicitar à confissão que se prepara para residir no Quarto Crescente que, em lugar das celebrações dos primeiros meses, projectassem os seguintes filmes: A Palavra (do Carl Dryer); Morangos Silvestres (Ingmar Bergman); A Sombra do Caçador (Charles Laughton); O Rio (Jean Renoir); todo o Elia Kazan que estiver à mão; O Sol Nasce para Todos e As Vinhas da Ira (John Ford); A Última Sessão (Peter Bogdanovich). Ao levar a cabo semelhante ciclo de cinema, estariam a substituir-se à autarquia, mais concretamente ao pelouro da cultura, na sua altíssima missão de educar as massas. Quem sabe se ao ver o “Young Mr. Lincoln” do John Ford, um qualquer escroque com ambições políticas não se converteria num Obama e salvaria a nação lusa?! Nunca se sabe! <br />
<br />
<br />
Noel Petinga LeopoldoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-76735183895187221922011-01-01T11:50:00.000-08:002011-01-11T07:19:16.517-08:00Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-13502916923814272042011-01-01T11:44:00.000-08:002011-01-01T11:44:04.033-08:00Portugal está nas mãos dos saloios<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;"></span></b></div><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Deste mundo que morre (...)</i> <br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não me despeço. Morrerei tranquilo,</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ciente de que isto acaba de acabar-se, </i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e uma outra raça há-de nascer na Ibéria</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que será minha como esta não:</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um povo aguarda e espreita, e sabiamente espera</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que os ratos se devorem uns aos outros. </i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span>Jorge de Sena, 31 Dez. 1971</i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span></i>in <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Visão Perpétua</i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;"></span></b></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Já muito tem sido dito e escrito sobre os factores que levam a que Portugal não saia da cepa torta. Os últimos tempos têm sido pródigos <personname productid="em causas. J£" w:st="on">em causas. Já</personname> deixámos a época das suposições; agora, temos certezas: o carácter absolutamente saloio da nossa classe política, empresarial e financeira é que está a dar a estocada final no país, não a pseudo-falta de produtividade dos trabalhadores explorados até ao tutano, não os custos com o ‘monstro’ da administração pública.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Convém explicitar o que é esse carácter saloio, e em que medida ele obsta ao desenvolvimento do país. O saloio já não é aquela figura patusca que vivia nos arrabaldes de Lisboa e cuja mulher ganhava uns tostões a lavar a roupa das burguesinhas da capital. O saloio é, sim, um ser asqueroso que leva a sua vida com o único propósito de se vingar do facto de ter sido (em tempos) o mais pobre do lugarejo, ou de não ter tido a vida fácil dos meninos mais ricos. Entretanto, o saloio espalhou-se, saiu do terrunho e multiplicou-se, como os ratos. Hoje tanto há saloios nas beiras, em Caneças, ou na Avenida de Roma (mesmo antes de a ministra da educação ter adquirido lá uma modesta ‘casinha’). Eles chegaram ao poder, e em força; o objectivo: comer tudo e não deixar nada.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A proliferação de políticos vindos dessas escolas de talentos que são os partidos políticos deu-se rapidamente e atingiu o ponto máximo com José Sócrates. Ainda o actual chefe do governo era um modesto engenheiro técnico (que sonhava ser apenas eng.º), já tinha a cabeça noutros lados. (O homem andava tão distraído que até rubricou uns projectos de casas que a ridícula Lili Caneças teria pudor de perfilhar). A sua ambição levava-o para longe, para a carreira política num partido de poder. Depois de ter estado à experiência na juventude da laranjada, passou-se para o PS (não sei se antes ou depois de ter apertado a mão da Edite Estrela, a mulher invisível que é a n.º 2 para a Europa). A mãozada saiu-lhe cara, isto é, entrou no partido pela porta da frente. Chegado à capital, enfiou-se no ISCTE (um ninho de altos quadros da saloiice). Cedo se apercebeu de que tinha de ser eng.º o mais rapidamente possível, pois a sua carreira política não podia esperar mais. O seu companheiro de carteira viria a ser, nada menos do que Armando Vara, prestes a tornar-se um carreirista profissional. Foi assim que o homem se engenheirou via ‘simplex’ (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">avant la lettre</i>). </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A carreira política até podia ser uma coisa com a sua dignidade, pois então. O pior é que os saloios (os tais que só cá estão para sugar o sangue da manada) descobriram que a política os poderia levar ainda mais longe, muito mais longe. A invasão saloia atingiu proporções verdadeiramente malignas quando os seus protagonistas se aperceberam de que as câmaras municipais das santas terrinhas não eram o fim da escalada. Com o tempo, a Assembleia da República e as denominadas cúpulas dos partidos foram recebendo os saloios ávidos de poder e influência, e desejosos de vingança. Enquanto isto acontecia, os homens e mulheres da antiga escola da ética política iam morrendo, ou ensandecendo (não é verdade Sr. Almeida Santos?) e o caminho ficou ainda mais livre. Não há português vivo que não associe o nome de Portugal a crise; são indissociáveis. Com esta leva de políticos saloios que nos governa (e governará) a sentença de país em crise passou a perpétua. (A Escola até podia acabar com isto, mas os saloios estão empenhadíssimos em dar cabo dela, claro. Já dizia o Cardoso Pires na sua recomendável “Cartilha” que o marialva –leia-se, saloio- desconfia muito dessas coisas que vêm nos livros, pois podem dar a volta ao miolo, que se quer vincadamente pacóvio.)</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Há muitos protagonistas desta marcha saloia: Vítor Constâncio, Américo Amorim, Jardim Gonçalves, o governo (excepto Luís Amado), Cavaco Silva, Durão Barroso...et cetera, et cetera. As evidências de saloiice são inumeráveis. Para além do saque dos egrégios banqueiros e da fina-flor do entulho financeiro que, sabe-se agora (só agora!), andaram a sujar os colarinhos, temos as partes gagas de 99% dos membros do governo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">et al</i>: Augusto Santos Silva, um vira-casaca empenhado em defender a honra do governo a todo o custo (uma espécie de aprendiz de torcionário a brincar aos pides, com ameaças, censura e tudo); Sócrates (já gastei demasiada tinta com ele) tem um percurso de vida que é um hino à saloiice; Maria de Lurdes Rodrigues declarou publicamente ter atingido o orgasmo político (ou melhor, que o ponto mais alto da sua carreira foi) quando um garoto (saloio), assombrado pela ‘dádiva’ de um Magalhães, afirmou que estava tão feliz que quando pudesse votar, fá-lo-ia a favor do partido que tão gentilmente o ‘presenteou’ com um computador, o PS (coitada!); António Pinho defendeu o currículo de um empossado, dizendo que ele era bom pois havia tirado o curso na faculdade onde o Obama estudou (na e<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ast coast </i>dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">U.S. of A..</i>); o caceteiro Jorge Coelho não chegou a bater naqueles que se têm metido com o PS porque foi governar a sua vida; o Durão ‘cherne’ Barroso também se fez à vida...Cavaco governa a sua apelando à serenidade...Tanto saloio num território tão pequeno.<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Regra geral, os partidos políticos ditos ‘de poder’ são autênticas universidades da canalhada, onde só os mais incompetentes trepam, a custo (ou cuspo) de lamber as botas da pessoa certa, o líder promissor. O unanimismo na votação das propostas de Sócrates para o congresso do partido é sintomático disso. Mas é também a prova de que no PS a subida das hostes saloias ao controlo do partido está terminada e perfeitamente pacificada. As ‘bases’ já chegaram ao topo. Uma fatia substancial do PSD, um partido que se auto-proclama de ‘popular’, está bastante mais reticente em deixar que a turba saloia chegue ao poder. Neste partido os ‘barões’ estão a estrebuchar, mas recusam-se a entregar o partido aos saloios das ‘bases’, estando a laranja a pagar um alto preço por isso.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os saloios vieram para ficar. A vingança e a sede de poder estão inscritos no seu código genético. Portugal está no papo. O cancro instalou-se e é impiedoso. Não há nada que dê cabo dele?</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">Este artigo é dedicado ao amigo João Miguel, que a esta hora deve andar às curvas pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">twilight zone </i>(bem longe dos saloios), e ao Cardoso Pires e à sua “Cartilha do Marialva”.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3638134276599338869.post-50795297846931521082011-01-01T11:40:00.000-08:002011-01-01T11:40:44.228-08:00SE ISTO FOSSE UM PAÍS<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nestes tempos de banqueiros corruptos e de políticos saloios, desqualificados e demagógicos, há que lembrar uma das figuras mais marcantes das nossas letras, Jorge de Sena (e, em especial, um dos seus mais duros ataques à pequenez portuguesa: o poema “Não, não, não subscrevo”).</span></b></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Jorge de Sena foi demasiado grande para este limitado país. O maior poeta português do séc. XX (se tivermos em conta a extensão e qualidade da sua obra) passou por aqui como um cometa. Não por ter morrido demasiado cedo, mas por ter vivido sem o reconhecimento que lhe era devido. Um espírito livre como o de Jorge de Sena - vincadamente de esquerda, mas da livre, não da outra - não podia ter lugar neste escasso país, nem antes, nem depois da revolução dos cravos. Sena viveu a maior parte da sua vida à espera de uma revolução que tardava, e quando ela finalmente chega, logo viu que seria liderada pela demagogia e por uma cambada que havia esperado dezenas de anos pela oportunidade de abocanhar o poder. (A sua amiga Sophia de Mello Breyner também não se iludiu). </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Muitos poemas de Sena estão eivados de ódio e amargura, sobretudo os de uma fase mais tardia. Não se poderia esperar outra coisa de um homem que, tendo sido aclamado de pé pelo júri na cerimónia do seu Doutoramento numa faculdade brasileira, num claro louvor que quebrou o apertado protocolo académico, foi esquecido pelos seus pares da ‘piolheira’. Jorge de Sena não foi admitido para leccionar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa pelo facto de a sua formação de base ser de engenharia (Engenharia à séria, não aquela feita à custa de um certo ‘simplex’!), mas essa foi uma desculpa esfarrapada, pois aquilo que Jacinto Prado Coelho (académico da Faculdade de Letras ligado à esquerda não-livre) temia era ter como colega um irreverente como Sena. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em “Não, não, não subscrevo” temos Sena a atirar em todas as direcções: à esquerda (contra os demagogos que procuraram levar o povo para outro regime político que o privaria de liberdade, e que se limitaram a recitar as cartilhas de Marx, Mao,etc); à direita (obviamente); à gentalha académica que menosprezou a sua poesia, acusando-a de “discursiva” (sempre aquele gostinho tão bacocamente português pelo complicado e pelos joguinhos de palavras incompreensíveis...quanto menos se entender, melhor é a poesia); aos que nunca lhe perdoaram a liberdade de espírito; aos da finança (sempre a ver se passam despercebidos). </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Se os poemas destilassem veneno, este daria de certeza um frasco de elevado grau de pureza. Se isto fosse um país, ouvir-se-ia este poema publicamente em todos os ‘10 de Junho’. (dito pelo Mário Viegas, claro). </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>... mas fiquemos com o que interessa, os poemas do Sena e da Sophia. Repare-se na data em que foram escritos!</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";">(O sublinhado no último poema é meu. Não gosto de sublinhar para que os outros leiam, mas, dado ser um longo poema, atrevi-me a fazê-lo.)</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><strong>Nesta hora</strong><b><span style="font-size: 13.5pt;"><br />
</span></b><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda<br />
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo<br />
Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio<br />
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade<br />
<br />
Meia verdade é como habitar meio quarto<br />
Ganhar meio salário<br />
Como só ter direito<br />
A metade da vida<br />
<br />
O demagogo diz da verdade a metade<br />
E o resto joga com habilidade<br />
Porque pensa que o povo só pensa metade<br />
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe<br />
<br />
A verdade não é uma especialidade<br />
Para especializados clérigos letrados<br />
<br />
Não basta gritar povo é preciso expor<br />
Partir do olhar da mão e da razão<br />
Partir da limpidez do elementar<br />
<br />
Como quem parte do sol do mar do ar<br />
Como quem parte da terra onde os homens estão<br />
<br />
Para construir o canto do terrestre<br />
- Sob o ausente olhar silente de atenção -<br />
<br />
Para construir a festa do terrestre<br />
Na nudez de alegria que nos veste</span><span style="font-size: 13.5pt;"><br />
</span><strong> Sophia de Mello Breyner</strong></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>20 de Maio de 1974</span></strong><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><h3 style="margin: auto 0cm;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">"NUNCA PENSEI VIVER..."</span></h3><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif"; font-size: 13.5pt;"><br />
</span><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">Nunca pensei viver para ver isto:<br />
a liberdade - (e as promessas de liberdade)<br />
restauradas. Não, na verdade, eu não pensava<br />
- no negro desespero sem esperança viva -<br />
que isto acontecesse realmente. Aconteceu.<br />
E agora, meu general?<br />
<br />
Tantos morreram de opressão ou de amargura,<br />
tantos se exilaram ou foram exilados,<br />
tantos viveram um dia-a-dia cínico e magoado,<br />
tantos se calaram, tantos deixaram de escrever,<br />
tantos desaprenderam que a liberdade existe-<br />
E agora, povo português? <br />
<br />
Essas promessas - há que fazer depressa<br />
que o povo as entenda, creia mais em si mesmo<br />
do que nelas, porque elas só nele se realizam<br />
e por ele. Há que, por todos os meios,<br />
abrir as portas e as janelas cerradas quase cinquenta anos -<br />
E agora, meu general?<br />
<br />
E tu povo, em nome de quem sempre se falou,<br />
ouvir-se-á a tua voz firme por sobre os clamores<br />
com que saúdas as promessas de liberdade?<br />
Tomarás nas tuas mãos, com serenidade e coragem,<br />
aquilo que, numa hora única, te prometem?<br />
E agora, povo português?</span><br />
<br />
<b><span style="font-size: 13.5pt;">Jorge de Sena</span></b><span style="font-size: 13.5pt;"><br />
Santa Bárbara, 27/4/74 </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-size: 13.5pt;">e para os que tenham a coragem de (re)ler todo este longo poema:</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-size: 13.5pt;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 14pt;">"Não, não, não subscrevo"</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;"></span></b></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">Não, não, não subscrevo, não assino<br />
que a pouco e pouco tudo volte ao de antes,<br />
como se golpes, contra-golpes, intentonas<br />
(ou inventonas - armadilhas postas<br />
<u>da esquerda prá direita ou desta para aquela)<br />
não fossem mais que preparar caminho<br />
a parlamentos e governos que </u></span><u><span style="font-size: 13.5pt;"></span></u></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><u><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">irão secretamente pôr ramos de cravos<br />
e não de rosas fatimosas mas de cravos<br />
na tumba do profeta em Santa Comba,</span></u><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">enquanto pra salvar-se a inconomia<br />
os empresários (ai que lindo termo,<br />
com tudo o que de teatro nele soa)<br />
irão voltar testas de ferro do<br />
capitalismo que se usou de Portugal<br />
para mão-de-obra barata dentro ou fora.<br />
<u>Tiveram todos culpa no chegar-se a isto:<br />
infantilmente doentes de esquerdismo<br />
e como sempre lendo nas cartilhas</u>que escritas fedem doutras realidades,<br />
<u>incompetentes competiram em<br />
forçar revoluções, tomar poderes e tudo<br />
numa ânsia de cadeiras, microfones,<br />
a terra do vizinho, a casa dos ausentes,<br />
e em moer do povo a paciência e os olhos</u>num exibir-se de redondas mesas<u><br />
</u>em televisas barbas de falácia imensa.<br />
<u>E todos eram povo e em nome del' falavam,<br />
ou escreviam intragáveis prosas<br />
em que o calão barato e as ideias caras<br />
se misturavam sem clareza alguma<br />
(no fim das contas estilo Estado Novo<br />
apenas traduzido num calão de insulto<br />
ao gosto e à inteligência dos ouvintes-povo).</u><br />
Prendeu-se gente a todos os pretextos,<br />
conforme o vento, a raiva ou a denúncia,<br />
ou simplesmente (ó manes de outro tempo)<br />
o abocanhar patriótico dos tachos.<br />
Paralisou-se a vida do país no engano<br />
de que os trabalhadores não devem trabalhar<br />
senão em agitar-se em demandar salários<br />
a que tinham direito mas sem que<br />
houvesse produção com que pagá-los.<br />
Até que um dia, à beira de uma guerra<br />
civil (palavra cómica pois que do lume os militares seriam quem tirava<br />
para os civis a castanhinha assada),<br />
tudo sumiu num aborto caricato<br />
em que quase sem sangue ou risco de infecção<br />
parteiras clandestinas apararam<br />
no balde da cozinha um feto inexistente:<br />
traindo-se uns aos outros ninguém tinha<br />
(ó machos da porrada e do cacete)<br />
realmente posto o membro na barriga<br />
da pátria em perna aberta e lá deixado<br />
semente que pegasse (o tempo todo<br />
haviam-se exibido eufóricos de nus,<br />
às Africas e às Europas de Oeste e Leste).<br />
A isto se chegou. Foi criminoso?<br />
Nem sequer isso, ou mais do que isso um guião<br />
do filme que as direitas desejavam,<br />
em que como num jogo de xadrez a esquerda<br />
iria dando passo a passo as peças todas.<br />
É tarde e não adianta que se diga ainda<br />
(como antes já se disse) que o povo resistiu<br />
a ser iluminado, esclarecido, e feito<br />
a enfiar contente a roupa já talhada.<br />
<u>Se muita gente reagiu violenta<br />
(com as direitas assoprando as brasas)<br />
é porque as lutas intestinas (termo<br />
extremamente adequado ao caso)<br />
dos esquerdismos competindo o permitiram.</u><br />
Também não vale a pena que se lave<br />
a roupa suja em público: <u>já houve<br />
suficiente lavar que todavia<br />
(curioso ponto) nunca mostrou inteira<br />
quanta camisa à Salazar ou cueca de Caetano<br />
usada foi por tanto entusiasta,<br />
devotamente adepto de continuar ao sol<br />
(há conversões honestas, sim, ai quantos santos<br />
não foram antes grandes pecadores).</u>E que fazer agora? Choro e lágrimas?<br />
Meter avestruzmente a cabeça na areia?<br />
Pactuar na supremíssima conversa<br />
de conciliar a casa lusitana,<br />
com todos aos beijinhos e aos abraços?<br />
Ir ao jantar de gala em que o Caetano,<br />
o Spínola, o Vasco, o Otelo e os outros,<br />
hão-de tocar seus copos de champanhe?<br />
Ir já fazendo a mala para exílios?<br />
Ou preparar uma bagagem mínima<br />
para voltar a ser-se clandestino usando<br />
a técnica do mártir (tão trágica porque<br />
permite a demissão de agir-se à luz do mundo,<br />
e de intervir directamente em tudo)?<br />
Mas como é clandestina tanta gente<br />
que toda a gente sabe quem já seja?<br />
Só há uma saída: a confissão<br />
(honesta ou calculada) de que erraram todos,<br />
e o esforço de mostrar ao povo (que<br />
mais assustaram que educaram sempre)<br />
quão tudo perde se vos perde a vós.<br />
Revolução havia que fazer.<br />
Conquistas há que não pode deixar-se<br />
que se dissolvam no ar tecnocrata do oportunismo à espreita de eleições.<br />
Pode bem ser que a esquerda ainda as ganhe,<br />
ou pode ser que as perca. <u>Em qualquer caso,<br />
que ao povo seja dito de uma vez<br />
como nas suas mãos o seu destino está<br />
e não no das sereias bem cantantes</u><br />
(desde a mais alta antiguidade é conhecido<br />
que essas senhoras são reaccionárias,<br />
com profissão de atrair ao naufrágio o navegante intrépido).<br />
Que a esquerda<br />
nem grite, que está rouca, nem invente<br />
as serenatas para que não tem jeito.<br />
Mas firme avance, e reate os laços rotos<br />
entre ela mesma e o povo (que não é<br />
aqueles milhares de fiéis que se transportam<br />
de camioneta de um lugar pró outro).<br />
<u>Democracia é isso: uma arte do diálogo<br />
mesmo entre surdos.</u> Socialismo a força<br />
em que a democracia se realiza.<br />
Há muito socialismo: a gente sabe,<br />
e quem mais goste de uns que dos outros.<br />
É tarde já para tratar do caso: <u>agora<br />
importa uma só coisa - defender<br />
uma revolução que ainda não houve,</u><br />
como as conquistas que chegou a haver<br />
(mas ajustando-as francamente à lei<br />
de uma equidade justa, rechaçando<br />
o quanto de loucuras se incitaram<br />
em nome de um poder que ninguém tinha)<br />
<u>E vamos ao que importa: refazer<br />
um Portugal possível em que o povo<br />
realmente mande sem que o só manejem,<br />
e sem que a escravidão volte à socapa</u>entre a delícia de pagar uma hipoteca<br />
da casa nunca nossa e o prazer<br />
de ter um frigorifico e automóveis dois.<br />
<u>Ah, povo, povo, quanto te enganaram<br />
sonhando os sonhos que desaprenderas!<br />
E quanto te assustaram uns e outros,<br />
com esses sonhos e com o medo deles!<br />
E vós, políticos de ouro de lei ou borra,<br />
guardai no bolso imagens de outras Franças,<br />
ou de Germânias, Rússias, Cubas, outras Chinas,<br />
ou de Estados Unidos que não crêem<br />
que latinada hispânica mereça<br />
mais que caudilhos com contas na Suíça.</u>Tomai nas vossas mãos o Portugal que tendes<br />
tão dividido entre si mesmo. Adiante.<br />
Com tacto e com firmeza. E com esperança.<br />
E com um perdão que há que pedir ao povo.<br />
E vós, ó militares, para o quartel<br />
(sem que, no entanto, vos deixeis purgar<br />
ao ponto de não serdes o que deveis ser:<br />
garantes de uma ordem democrática<br />
em que a direita não consiga nunca<br />
ditar uma ordem sem democracia).<br />
<u>E tu, canção-mensagem, vai e diz<br />
o que disseste a quem quiser ouvir-te.<br />
E se os puristas da poesia te acusarem<br />
de seres discursiva e não galante<br />
em graças de invenção e de linguagem,<br />
manda-os àquela parte.<br />
Não é tempo para tratar de poéticas agora.</u></span><b><span style="font-size: 13.5pt;"><br />
</span></b><em><b><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">Jorge de Sena, Fevereiro 1976</span></b></em><span style="font-size: 13.5pt;"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><em><b><span style="font-family: "Trebuchet MS", "sans-serif";">(aniversário de uma tentativa heróica de conter uma noite que duraria décadas)</span></b></em><span style="font-size: 13.5pt;"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
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